sábado, 28 de fevereiro de 2009

Quem, onde, quando...?

Há quanto tempo não treino os meus sonhos?
Parecem electrónicas avariadas, aparelhos queimados
que cheiram a perfume ao sabor do vento
Concentro todos os meus pequenos músculos
na inércia com que os próprios sonhos se queimam vivos
como se fosse eu Deus e eles as blasfémias
a minha companhia preferida para jogar às escondidas
e desafiar todos os meus pesadelos acordados
para um sem fim
de estrepitosas boémias
sem mim

Logo de seguida
Assalta-me um pânico enorme
De conseguir escrever tudo o que quero
Como se fosse fácil
E não tivesse mais que

um fantasma de mente descaída e disforme

My_Little_Bedroom
26/2/09



LAMBCHOP - SLIPPED, DISSOLVED AND LOOSED (OH (ohio), 2008)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A MELHOR CANÇÃO DE 44 EDIÇÕES DO FESTIVAL DA CANÇÃO RTP

É verdade, tenho quase 20 anos e não trocaria a noite de ontem, primeiro em casa, depois em convívio com alguns amigos, a descobrir qual seria a canção eleita pelos Portugueses que se interessaram por tentar escolher a melhor canção de entre 44 canções vencedoras dos Festivais da Canção da RTP por qualquer festa de Entrudo. Até digo mais: no mínimo, o Carnaval provoca-me, no geral, indiferença. Dos tempos de estudante sobram as férias, dos tempos de trabalhador irão restar o feriado e eventuais tolerâncias de ponto que deixem a faculdade de poder passar bem longe de mais consumismo e de mais confusão - não poderia ser de outra forma quando todos nós escolhemos a mesma noite para celebrar...o mesmo.
Apesar do pretexto mais profundo deste conceito de concurso composto por 4 sessões semanais em que 3 canções foram escolhidas para totalizar uma dúzia que pudemos observar e escutar 2 vezes na antena da radiotelevisão portuguesa ser de raiz mais uma terrível tentativa de singularizar e reduzir a pequenas sentenças o gosto plural do espectador, e evidentemente, o de obter audiências e de certamente afimar num panorama televisivo generalista de 4 canais de vez que "a televisão é para velhos, o trabalho para os novos", era à hora neste mesmo panorama o programa talvez mais estimulante que poderia ser presenciado, podendo nós relembrar 12 excelentes canções que, embora sendo todas de um passado mais ou menos recente e de ancorarem a percepção dos telespectadores a um passado musical que parece não poder ser sequer igualado, são, definitivamente, 12 excelentes poemas. Pena que tenho de quem não tem, como eu tenho ao lado, TV por cabo...
Ao longo destas 4 semanas, de tudo houve. Versões péssimas e tão boas ou melhores que as originais, e na grande final, uma cantora rouca e um cantor que se esquece da letra de "Playback" de Carlos Paião. Uma autêntica rollercoaster!

Duas figuras emergiram subrepticiamente por marcarem presença em mais de uma canção eleita: Simone de Oliveira, a intérprete de voz refulgente do "Sol de Inverno" e d' "A Desfolhada Portuguesa"; Ary dos Santos, o poeta (e declamador) extraordinário responsável pela poema/letra desta última canção e de "Menina" de Tonicha.

Mas qual afinal a MELHOR CANÇÃO? Noutro programa havia sido eleita como melhor canção portuguesa "Cinderela" de Carlos Paião. Aqui havia "Playback" para votar, que até terá sido uma das mais votadas, mas quem venceu a contenda foi "Senhora do Mar", a canção vencedora do 44º Festival da Canção RTP, de 2008.
Não querendo ofender ninguém em Portugal por fazer finca-pé da minha embirração com o facto de ter de escolher uma canção favorita, escolher a canção mais recente como a melhor canção da história do Festival da Canção RTP tem uma possível explicação empírica associada (foram apenas os madeirenses e que terão votado? Até poderiam ter sido os mais jovens...mas onde estavam eles a essa hora?) tão absurda como o conjunto das razões não objectivas que poderemos encontrar para explicar tamanha efeméride - mesmo reconhecendo que a sua presença neste lote de 12 canções é inteiramente justa, sendo uma das canções da minha preferência.

Para terminar, deixo a lista das 6 canções que me encantam mais hoje em dia, recolhendo aqui um vídeo da melhor versão escutada (sempre que a RTP deixar...) e da mais marcante ou mais bela interpretação do cantor original:

"TOURADA" - FERNANDO TORDO




"MENINA" - TONICHA






"UM GRANDE, GRANDE AMOR" - JOSÉ CID




"A DESFOLHADA PORTUGUESA" - SIMONE DE OLIVEIRA






"PLAYBACK" - CARLOS PAIÃO




"E DEPOIS DO ADEUS" - PAULO DE CARVALHO



quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

OASIS @ PAVILHÃO ATLÂNTICO, 15/2/09

Créditos da foto: Rita Carmo, fotógrafa colaboradora da revista "BLITZ"


Podem ler esta resenha também em nucleoradioaefful.blogspot.com



No passado Domingo, os irmãos Gallagher e companhia desfilaram durante cerca de 2 horas e meia grande parte dos seus êxitos, embora tendo sempre como pano de fundo o mais recente "Dig Out Your Soul", do ano passado. A promoção do espectáculo mostrou-se bastante eficaz e foi suficiente para ajudar a esgotar os bilhetes disponíveis para a plateia em pé. Mas...muitos
faltaram ao combinado e ficaram por casa, muitos dos que ficaram em pé não tiveram a melhor vista para o palco e muito faltou para, ironicamente, colocar este bom concerto noutro patamar que não o de um vulgar trabalho executado com virtuosismo, em alguns momentos, mas sem brilho. Filhos quase irmãos de um tempo de transição entre os tempos de Madchester, dos quais os Stone Roses fizeram parte e fazem vinco na personalidade dos Oasis, e a descendência brit-pop, os Oasis não entretiveram como se poderia esperar depois de um regresso discográfico com bom gosto. O problema maior? Não se divertiram, sequer, à excepção de quando, dentro do seu inglês acelerado, Noel Gallagher pediu que José Mourinho cedesse aos milhões e fosse treinar o seu Man City - fãs tão arrogantemente confiantes certamente o special one não tem em Milão. Juntando a tudo a uma audiência sedenta de êxitos planetários que os Oasis não têm em abundância e não fidelizada ao seu trajecto, desconstruiu a química psicológica que um bom desempenho vocal e instrumental e um excelente espectáculo visual em rectaguarda tentaram cimentar. "Rock 'n' Roll Star", "Lyla", "I'm Outta Time", "The Importance of Being Idle", "Morning Glory", "Falling Down" e a excelente "Champagne Supernova" foram exemplos bastantes para sair do concerto com boa recordação. No duelo "Wonderwall"/"Don't Look Back In Anger", a última canção ganhou claramente, pondo o público a cantar sem mácula o refrão, aí sozinho, e o que mais houvesse num grande marco musical nos singles de 90. Para acabar, inesperadamente porque se esperava outro "encore", "I Am The Walrus", um tema dos Beatles, que tal como John Lennon, teriam dado algum dedo para escrever e compor um ou dois temas da discografia dos Oasis. In the end, fica-se sem saber se o amor, em ressaca de 14 de Fevereiro, terá ficado em casa ou terá estado nos casais que estiveram ao lado de pais e filhos na maior sala de espectáculos de Portugal e que não viram as deslumbrantes "Stop Crying Your Heart Out" e "Don't Go Away".



ALINHAMENTO:

Fuckin' In The Bushes

Rock'n'Roll Star

Lyla

The Shock Of The Lightning

Cigarettes & Alcohol

The Meaning Of Soul

To Be Where There's Life

Waiting For The Rapture

The Masterplan

Songbird

Slide Away

Morning Glory

Ain't Got Nothin'

The Importance Of Being Idle

I'm Outta Time

Wonderwall

Supersonic



ENCORE

Don't Look Back In Anger

Falling Down

Champagne Supernova

I Am The Walrus