segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

AUSTRÁLIA VS. PORTUGAL


Na Austrália já é 2008. Houve um grande e esplendoroso fogo-de-artifício. A banda sonora de fundo foi o tema incluído no EP de 2003 dos Arcade Fire e agora recuperado em 2007 para "Neon Bible", "No Cars Go". Mesmo que me caísse uma cana de foguete numa retina, era capaz de sentir uma maior emoção e, porque não, "dor" com a atmosfera do tema e a sua combinação com o fogo-de-artifício...
Em Portugal, seremos os últimos a comemorar o enterro de um ANO NOVO com a nossa famosíssima auto-estima e indiferença modo "intragável-apenas-na-passagem-de-ano-quando-estamos-todos-embriagados". Até convidámos - peço desculpa, o Exmo. Sr. Presidente da Câmara de Albufeira convidou pessoalmente - para fazer a banda-sonora no Algarve, após o maravilhoso fogo-de-artifício que também temos, o Bob Sinclar. Podíamos também ter convidado os Plain White T's e as suas "Delillah"'s e delírios todos não? Como disse à minha querida mãe, "era chegar a Albufeira e fazer 'PARTIDA, LARGADA, FUGIDA!' ".
É que é mesmo perfeito, perfeito, perfeito!

RTP vs. SIC

A RTP sempre assumiu que tinha um programa de música: o TOP+
A SIC sempre assumiu que tinha vários programas para falar sobre diversos assuntos, entre os quais, música.

OS MELHORES DO ANO

RTP(TOP+): KANYE WEST (melhor álbum internacional), DA WEASEL (melhor álbum internacional), MADONNA (melhor DVD), SEAN RILEY & THE SLOWRIDERS (MOVING ON) como a canção mais tocada durante a semana pela...ANTENA 3 (sobre isto não façam nunca apostas se faz favor)
SIC (ÊXTASE): destaca o "rock alternativo" dos CLÃ mas dá o prémio de melhor álbum de 2007 ao álbum de 2006 "Pratica(mente)" de SAM THE KID. No plano internacional, tem a ousadia de colocar em plena hora de almoço em destaque internacional os BATTLES ("ATLAS") e LCD SOUNDSYSTEM ("ALL MY FRIENDS"). Como concertos, passa o vídeo ilustrativo dos ARCADE FIRE em Paris a tocar "Intervention" (e não "Windowsill", que claro não pode ter tantos vídeo disponíveis como o single de apresentação de "NEON BIBLE"). Anuncia para 2008 os novos CD's de MADONNA, U2 e FRANZ FERDINAND (proferindo o nome desta última banda com uma pronúncia bizarra).

Alguém mais tem o desejo, tal como eu, de ser agora um SUPERSTAR?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

OS MAIS DOCES DE 2007

E enfim. Chegámos quase ao final de 2007. Ao contrário do que muitos pensam, pessoalmente acho que foi um ano bastante produtivo, com um acrescento de qualidade devido. Talvez tenha sido a maior dificuldade em produzir uma lista resumida dos melhores álbuns do ano que me fez empenhar especialmente nesta tarefa que, para quem ouve música nova e está dentro do passado, presente e futuro, não é útil (à excepção de podermos trocar listas e repescar qualquer coisa que não tenhamos escutado) nem sequer importante. Este ano, porém, com o Mundo na sua macro e microscopia a continuar sem grandes mudanças na sua essência, dou mais valor ao facto de ir podendo estar actualizado e ouvir música nova - quando de facto, algo da palavra "renovação" dentro de uma continuidade falta generalmente. 2008 também parece trazer um GRANDE disco, "This Gift", dos Sons & Daughters, e outros por revelar, como "Made In The Dark", dos Hot Chip, que vem confirmar uma veia mais calma e menos "partyfriendly" destes rapazes - mesmo assim, o primeiro single "Ready For The Floor" é uma canção viciante e ao nível da delirante "My Piano", lançada pelo meio de uma participação dos Hot Chip na série DJ Kicks de Erlend Oye.

Deixo aqui a lista dos melhores discos, internacionais e nacionais, de 61 grandes músicas de álbuns não pertencentes à lista de 40 divulgada, de 12 grandes remisturas que pude ouvir, dos melhores concertos, dos melhores filmes e do que melhor vi em televisão e rádio ao longo do ano. É pessoal.

P.S: As remisturas escolhidas, curiosamente ou não, são também elas de grandes canções de 2007. Tomar como uma música nova e não apenas uma revisão do original, se faz favor.

1 - The Shins - Wincing The Night Away
2 - LCD Soundsystem - Sound of Silver
3 - Arcade Fire - Neon Bible
4 - Midnight Juggernauts - Dystopia
5 - Beirut - The Flying Club Cup
6 - Broken Social Scene Presents Kevin Drew - Spirit If
7 - Chromatics - Night Drive
8 - Modest Mouse - We Were Born Before The Ship Even Sank
9 – Blonde Redhead - 23
10 - Of Montreal - Hissing Fauna Are You The Destroyer?
11 – Bruce Springsteen – Magic

12 – Okkervil River – The Stage Names
13 – Duran Duran – Red Carpet Massacre
14 – Maxïmo Park – Our Earthly Pleasures
15 – Battles - Mirrored
16 – The National – Boxer
17 – Vive La Fête - Jour de Chance
18 – Gogol Bordello – Super Taranta
19 – Interpol – Our Love To Admire
20 – Spoon – Ga Ga Ga Ga Ga

21 - VHS or Beta - Bring on The Comets
22 – Patrick Wolf – The Magic Position
23 - Arctic Monkeys – Favourite Worst Nightmare
24 - !!! – Myth Takes
25 – The Kissaway Trail - The Kissaway Trail
26 – Queens of The Stone Age – Era Vulgaris
27 – The Field – From Here We Go To Sublime
28 – Editors – An End Has A Start
29 – Klaxons – Myths of The Near Future
30 – The White Stripes – Icky Thump
31 – Rufus Wainwright – Release The Stars
32 – The Go! Team – Proof of Youth
33 - The Hives – The Black And White Album
34 – She Wants Revenge – This Is Forever
35 – Thieves Like Us - Play Music For You
36 – The Chemical Brothers – We Are The Night
37 – Andrew Bird – Armchair Apocrypha
38 – Felix Da Housecat – Virgo Blakto and The Movie Disco
39 – Animal Collective – Strawberry Jam
40 – The Ghostland Observatory – Delete Delete I Eat Meat


MENÇÃO HONROSA:

(?) - JUSTICE: cross


1 - Clã - Cintura
2 - David Fonseca - Dreams in Colour
3 - Wraygunn - Shangri-La
4 - Micro Audio Waves - Odd Size Baggage
5 - U-Clic - Console Pupils
6 – Sean Riley & The Slowriders – Farewell
7 – The Partisan Seed – Visions of Solitary Branches
8 – Mundo Cão – Mundo Cão
9 – Umpletrue – Fab Fight
10 – JP Simões – 1970

11 - Blasted Mechanism - Sound in Light/Light In Sound
12 - Orangotang - Propaganda
13 – Old Jerusalem – The Temple Bell

14 – DJ Ride – Turntable Food

15 – Coldfinger - Supafacial


HOT HOT HEAT: harmonicas and tambourines
AU REVOIR SIMONE: dark walls
DRAGONETTE: true believer
LOW: murderer
MUMM-RA: these things move in threes
BLOC PARTY: flux
GUI BORATTO: the blessing
ELECTRELANE: to the east
SIMIAN MOBILE DISCO: I believe
BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB: weapon of choice
THE CINEMATICS: break
POLYTECHNIC: pep
iLIKETRAiNS: the deception
KLEERUP FEAT. ROBYN: with every heartbeat
THE BIRD AND THE BEE: I hate camera
THURSTON MOORE: fri/end
THE KILLERS: shadowplay
DAVE GAHAN: kingdom
CARLA BRUNI: those dancing days are gone
ROISÍN MURPHY: overpowered
MAPS: to the sky
AIR TRAFFIC: charlotte
1990s: you made me like it
ARMAND VAN HELDEN FEAT. KUDU: playing house
CUT COPY: hearts on fire
FOALS: mathletics
BAND OF HORSES: no one’s gonna love you more
CLAP YOUR HANDS SAY YEAH: satan said dance
MILBURN: what will you do (when the money goes)
STRANGE IDOLS: she’s gonna let you down again (a GRANDE APOSTA para 2008)
YEAH YEAH YEAHS: down boy
BABYSHAMBLES: delivery
KUBICHEK!: start as we meant to
LOS CAMPESINOS: we throw parties, you throw knives
DIGITALISM: pogo
ART BRUT: direct hit
CUT CITY: such verve
KANYE WEST: stronger
NEW YOUNG PONY CLUB: the bomb
TRACEY THORN: it's all true
SHITDISCO: ok
RUN:STOP: nicole
LES SAVY FAV: what wolves would do
JOSH ROUSE: sweetie
THE MARY ONETTES: lost
MOVING UNITS: dark walls
THE RAVEONETTES: with my eyes closed
NINE BLACK ALPS: heavier than water
THE BRAVERY: fistful of sand
LAST DAYS OF APRIL: who's on the phone
GROOVE ARMADA: get down
RADIOHEAD: jigsaw falling into place
LIARS: plaster casts of everything
PANTHA DU PRINCE: saturn strobe
TO MY BOY: the grid
RIHANNA: umbrella
(WE ARE PERFORMANCE) - dotted line
BLOOD RED SHOES: it's getting boring by the sea
GRAVENHURST: hollow man
THE GHOST FREQUENCY: nightmare
HEARTS OF BLACK SCIENCE: miles

KLAXONS: gravity's rainbow (soulwax remix)
THE BLACK GHOSTS: anyway you choose to give it (boy-8-bit remix) (com ou sem remistura, uma das apostas para 2008)
FEIST: my moon my man (boys noize remix)
BURAKA SOM SISTEMA: wawaba v. 1.8 (DJ Ride presents)
MIDNIGHT JUGGERNAUTS: devil within (the presets remix)
THE WOMBATS: kill the director (CSS remix)
CHROMEO: fancy footwork (guns n' bombs remix)
JUSTICE: D.A.N.C.E (MSTRKRFT remix)
UNKLE FEAT. IAN ASTBURY: burn my shadow (junkie XL remix)
THE GLASS: come alive (kasper björke remix) (um dos felizes casos em que se junta um remisturador/compositor e remisturado de excelente qualidade)
THE TEENAGERS: homecoming (guns n' bombs XTC remix)
MANCINI: up country (mat bradshaw remix)

1 – ARCADE FIRE @ SBSR
2 – LCD SOUNDSYSTEM @ SBSR
3 – BLOC PARTY @ COLISEU DOS RECREIOS
4 – GOGOL BORDELLO @ PAREDES DE COURA
5 – CANSEI DE SER SEXY @ LUX / SONIC YOUTH @ PAREDES DE COURA

CONTROL (anton corbjin)
BEE MOVIE (steve hickner)
RATATOUILLE(brad bird)
INTO THE WILD(sean penn)
DEATH PROOF (quentin tarantino)
ZODIAC(david fincher)
SCOOP(woody allen)

LATE NIGHT WITH CONAN O'BRIEN (sic radical)
DIZ QUE É UMA ESPÉCIE DE MAGAZINE (RTP1)
PRAZER DOS DIABOS (sic mulher)
FUZZ (sic radical)
LIGA DOS ÚLTIMOS (RTPN)
THE TONIGHT SHOW WITH JAY LENO (sic mulher)
LOST (RTP1)
WEEDS(RTP2)
HOUSE M.D. (FOX)
AS TRÊS RÁDIOS MARAVILHA: RADAR, ANTENA 3 E OXIGÉNIO

Tenham um grande 2008!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

THE ROCKET


Num destes últimos fins-de-semana, que agora também significam dias de trabalho árduo, o Benfica perdia com o Belenenses. No entanto, noutro canal, outro espectáculo maior e de maior alegria para mim: a caminhada de Ronnie O' Sullivan para o seu 4º triunfo num UK Championship de Snooker. O Snooker tornou-se, juntamente com o SkiJumping, desde já alguns anos para cá - e agora muito mais desde que estou em Lisboa -, uma das minhas modalidades favoritas a partir do momento em que comecei a ver alguns vídeos das vitórias incontáveis de Steve Davis nas décadas de 70 e 80 e de Stephen Hendry na década de 90 (este é 7 vezes campeão do Mundo). Todavia, sempre tive uma admiração especial por Ronnie. É um dos raros casos em que, em alta competição, a magia e o talento superam por vezes a racionalidade. É o único jogador ambidextro do circuito, conta já com 8 tacadas máximas de 147 pontos durante a sua carreira (as mesmas que Hendry), um sem-número de tacadas superiores a 100 pontos, é 2 vezes campeão do Mundo, é o único jogador a ter feito 5 tacadas superiores a 100 pontos num encontro à melhor de 9 partidas, deu-se à controvérsia quando abandonou uma final (salvo erro também do UK Championship) disputada com Stephen Hendry quando perdia 4-1 (um resultado perfeitamente recuperável quando um jogador, neste torneio, só perde o encontro se perder 9 ou 10 jogos) e, acima de tudo, faz parecer que jogar snooker é a coisa mais fácil do Mundo.


É o herói do Povo.


Lembram-se dele assim?


Ele é o "The Rocket".

E terá concerteza direito algum dia a um "Hall of Fame" televisionado como foi o caso de Steve Davis no dia de ontem.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Será que as pessoas não sabem mesmo dançar?
Dançar não pode ser desconstruir guitarras, teclados e caixas de ritmos em vez de ameaças permanentes e libertinas de destruição corporal?
Deixou-se de poder bater o pezinho e menear a cabeça?

O que se passa com a necessidade de ensinar ao corpo inadvertidamente um código coreográfico?

O que uma discoteca é não pode sê-lo mais?

Exemplos:

THE KILLERS: shadowplay
DURAN DURAN: nite runner
THE RAPTURE: whoo...alright! yeah!...uh-huh!
THE RAKES: all too human

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Todos os dias eram os dias todos
O norte e o sul eram o mesmo, mas o nascente e o poente
Nunca mais foram os mesmos certamente
Quando o sangue me começou a correr pelas órbitas
E eu abri os olhos finalmente
Para uma injecção com bons modos


"A plague in the workhouse
A plague on the poor now
I feed on my drum 'til I'm dead
Yesterday, fever
Tomorrow, St. Peter
I'll feed on my drum until then
What melody will lead my lover from his bed?
What melody will see him in my arms again?
Set fire the foundation
And burn out the station
You'll never get nothing of mine
The pane of my window
Will flicker and glimmer
Leave only the stitching behind (?)
Oh, what melody will lead my lover from his bed?
What melody will see him in my arms again?
I'll sing of the walls of the well
And the house at the top of the hill
I'll sing of the bottles of wine
That we left on our old windowsill
I'll sing of the usual spin
Getting sadder and older, oh love"



BEIRUT - THE PENALTY (THE FLYING CLUB CUP, 2007)

domingo, 23 de setembro de 2007


Há um ministro que já disse que a Margem Sul é o tão famoso deserto.
Neste momento, a Margem Sul tem, pelo menos, mais uma coisa que a Lisboa do Bairro Alto não tem: mais uma banda cheiinha de potencial prestes a sair cá para fora.

Convenhamos: a Margem Sul não é um deserto e, concerteza, terá (e tem, que toda a gente sabe) as suas realidades e pessoas insuportáveis. Atente-se no seguinte ponto: a 16 de Agosto de 2007 foi publicado um post no blog online da Rádio Sesimbra sobre os Million Dollar Lips. Caramba, há uma rádio que, apesar de tudo, tem um blog online e apoia as suas estrelas locais, cujo brilho, neste caso, não é de difícil reacção. 9 dias depois, seguiu-se a entrada de rompante dos Million Dollar Lips pelos meandros magnéticos da blogosfera e, há pouco tempo, chegaram-me aos ouvidos.

A reacção foi espontânea. Qualquer metáfora em que pudéssemos inserir os Million Dollar Lips só poderia dar um matiz semelhante a um alegre furacão. A “censura” informa que vem aí mais uma banda com recortes dos Joy Division, The Fall ou Human League feitos motivo para triunfar. Com “Single Round”, pelo menos, estes três rapazes deixariam toda a Espanha envergonhada com o “pastiche-cópia” de que as suas bandas não conseguem passar e a Inglaterra abismada por as suas novas bandas se terem esquecido dos teclados. Mais uma vez, insistem em desfazer metáforas e desfilam alegremente por algodão-doce efervescente saído de cada tecla e pelas guitarras e voz propositadamente prepotentes que não desdenham cada nota.

Encontram-se em trabalho de estúdio com Marc Requilé (ex-Evil Superstars e actual parte masculina dos Vive La Fête) que parece virar a sua produção para um caminho semelhante ao já trilhado em certos tempos pelos U-Clic.

Seja qual for o caminho que escolham, com boas canções na algibeira, os Million Dollar Lips não se vão ficar por derreter unicamente metáforas no âmbito da dita “música alternativa nacional” – as aspas são cortesia da Rádio Sesimbra FM.

Estamos, afinal, em Portugal…


quinta-feira, 13 de setembro de 2007


Não são raras as vezes que o facto de não levarmos até ao termo alguma ideia traz a paz e uma tranquilidade racional à alma.
Passou-se isso, por exemplo, com o novo “Our Love To Admire” dos Interpol.
Acima de tudo, passou-se comigo com o “Live Earth”.

Apesar das figuras de proa que eram anunciadas para o evento, nunca acreditei muito no “Live Earth”. O mesmo serve para o “Concert for Diana” e para outros eventos como o “Live Aid”. São muitas vezes demasiadas figuras de proa que trazem um discurso produzido em excesso em vez de actuações com a garra que tais momentos exigem. A culpa, claro, também é das intensas digressões que metem nos bolsos das editoras o dinheiro que os discos e, acima de muito, os downloads legais não metem.
Foi então o facto de também não esperar muito de qualquer dos eventos referidos que não me fez ter o trabalho de escrever nenhuma missiva para um dos vários programas que a RTP tem e que não cumprem a sua função, o “Programa do Provedor”.

Eu passo a explicar: esse programa é um programa onde as pessoas fazem tanto valer os seus direitos e liberdades quanto as suas limitações morais. A congregação destes dois aspectos é feita no exemplo que vi e ouvi das poucas vezes que vi o programa, em que alguns espectadores se manifestavam contra um programa de educação sexual infantil devidamente adequado quer ao público a que se destinava, quer ao horário madrugador em que foi emitido. Na resposta a estas intervenções vem o incumprimento das funções do programa: o provedor muito diz, nada faz. Pode fazer? Talvez não. Porque existe o programa? Para envergonhar a RTP ou para que o sentido de vanglória íntimo de cada um vá à bola finalmente com a famosa “caixinha de sugestões”?

Finalizando este caso, nada teria que ser feito, logo, nada foi feito. Em relação ao “Live Earth”, alguma coisa tem que ser feita principalmente na doutrina e condutas que passeia consigo. Nesta matéria, a indignação em massa de muitos espectadores mereceu uma resposta de Nuno Santos, director de programas da RTP, no “Programa do Provedor”. Mereceram consideração minha algumas ideias:

- “A RTP1 é um canal nacional e generalista que trabalha para todos os portugueses. Portugueses de todas as classes sociais, de todas as regiões do país, de todas as idades. Com este horizonte, e não é possível confundi-lo com as elites, as pseudo-elites ou simplesmente com aqueles que têm mais acesso à informação ou ao conhecimento, acontecimentos como o espectáculo de homenagem à Princesa Diana ou o Live Earth necessitam de enquadramento e de contextualização de modo a serem efectivamente entendidos por todos.”

. É precisamente no campo das artes que a RTP não é um canal generalista. Contudo, o preconceito já está enraizado: não há que apostar em formatos ou gente sem provas dadas, há que deixar isso para quem o quiser fazer. Se o “TOP +” da RTP melhorou foi porque passou a trazer para o palco, ao vivo, as estrelas da nova música nacional e que são bandeiras de gala da sua ramificação radiofónica mais jovem e mais jovem-friendly, e mais ouvida: a Antena 3. O maior sucesso da RTP, conducente a um dos programas de maior qualidade da estação, foi o colectivo “Gato Fedorento”, um grupo em que a RTP só apostou devido a um fenómeno de audiências, conversas e comportamentos insustentável para estar de fora da “guerra das audiências”. Atrevo-me quase a dizer que o maior erro da RTP foi não ter sido a Antena 3 versão TV, dada a cobertura magnífica dos concertos e o contributo, embora sempre condicionado, minimamente sério dos profissionais que lá vimos (Nuno Markl, Nuno Calado, etc.).
Pior ainda, há uma subposição da música em relação a qualquer outra arte, e isso é visível em qualquer um dos canais públicos de televisão, cujos afamados programas culturais cultivam o elitismo e a adulação da pintura, da escultura, do cinema e da leitura como artes maiores sem perceber que a música contemporânea – essa sim constantemente posta em causa - consegue ser tanto a arte mais fácil como a mais difícil, uma “arte-gémea” da vida quotidiana.
Sem programas de tentativa de abrangência cultural, a RTP, de facto, esquece “pseudo-elites” (ainda não perceberam que a TV pública em Portugal como incentivo está a morrer e que a TV mundial já não faz grande sentido em 50% do seu tempo) e resume-se a um papel muito melhor: anuncia os festivais de Verão em Portugal, associa-se a eles como patrocinador e não abraça a possibilidade de promover as suas próprias iniciativas em qualquer espaço da sua emissão. Quem sabe se serviço público em Portugal significa não transmitir qualquer concerto de música (realizado em Portugal) e cultivar uma elite macarrónica e anti-vanguardista. Não conhecer algo significa que não vale a pena conhecer. Prossiga a marcha.

- Não vale a desculpa do desnível de horários entre E.U.A e Portugal, nada pode desculpar uma emissão cheia de conversa desnecessária que não sai do politicamente correcto e da iteração de regras de conduta que sabem a sonhos numa noite de Verão. A juntar, claro, a falta de cultura musical não mascarada como deve ser e a aparente inconsciência da transmissão em diferido de concertos (eu ouvi várias vezes a expressão “em directo”).

- Nas questões das alterações climáticas, a acção é muito mais fácil e produtiva que a reflexão, ainda por cima quando se encontra subjugada a um necessário clima de festa em tempo de ameaça futura.

Vale a pena, de facto, uma reflexão da RTP enquanto serviço público de televisão, porque pagar 400 € para um canal que não sabe engolir nada é flagelar a ida a mais uns 10 concertos que se não forem de sucesso, são de qualidade.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

I don't wanna work in a building downtown
No I don't wanna work in a building downtown
I don't know what I'm gonna do
Cause the planes keep crashing always two by two
I don't wanna work in a building downtown
No I don't wanna see when the planes hit the ground

I don't wanna work in a building downtown
I don't wanna work in a building downtown
Parking their cars in the underground
Their voices when they scream, well they make no sound
I wanna see the cities rust
And the troublemakers riding on the back of the bus

Dear God, I'm a good Christian man
In your glory, I know you understand
That you gotta work hard and you gotta get paid
My girl's 13 but she don't act her age
She can sing like a bird in a cage
Oh Lord, if you could see her when she's up on that stage!

You know that I'm a God-fearing man
You know that I'm a God-fearing man
But I just gotta know if it's part of your plan
To seat my daughters there by your right hand
I know that you'll do what's right, Lord
For they are the lanterns and you are the light

Now I'm overcome
By the light of day
My lips are near but my heart is far away
Tell me what to say
I'll be your mouthpiece!

Into the light of a bridge that burns
As I drive from the city with the money that I earned
Into the dark of a starless sky
I'm staring into nothing
and I'm asking you why
Lord, will you make her a star
So the world can see who you really are?

Little girl, you're old enough to understand
That you'll always be a stranger in a strange, strange land
The men are gonna come when you're fast asleep
So you better just stay close and hold onto me
If my little mocking bird don't sing
Then daddy won't buy her no diamond ring

Dear God, would you send me a child?
Oh! God, would you send me a child
Cause I wanna put it up on the TV screen
So the world can see what your true word means
Lord, would you send me a sign
Cause I just gotta know if I'm wasting my time!

Now I'm overcome
By the light of day
My lips are near but my heart is far away
Now the war is won
How come nothing tastes good?

You're such a sensitive child!
Oh! You're such a sensitive child!
I know you're tired but it's alright
I just need you to sing for me tonight
You're gonna have your day in the sun
You know God loves the sensitive ones

Oh! My little bird in a cage!
Oh! My little bird in a cage!
I need you to get up for me, up on that stage
And show the men that you're old for your age
Now ain't the time for fear
But if you don't take it, it'll disappear!

Oh! My little mocking bird sing!
Oh! My little mocking bird sing!
I need you to get up on that stage for me, honey
And show the men it's not about the money

Wanna hold a mirror up to the world
So that they can see themselves inside my little girl!

Do you know where I was at your age?
Any idea where I was at your age?
I was working downtown for the minimum wage
And I'm not gonna let you just throw it all away!
I'm through being cute, I'm through being nice
Oh tell me, Lord, am I the Antichrist?!



Os Arcade Fire fazem contas com o acaso.
É essa também a minha matemática: aquela daquilo que pode acontecer.
Outro vídeo, agora à falta de um oficial, um vídeo para a melhor canção deste ano - cuidado com os vidros e com instabilidade emocional.

Se acreditarem em milagres, unam as vossas mãos e rezem pela sanidade mental do Papa. Mas apenas no caso de acreditarem em milagres.

P.S: São os Arcade Fire ao vivo num dos maiores festivais do Mundo, o Coachella. Quem esteve pelo Parque Tejo no dia 3 de Julho deste ano bem à noitinha terá saudades de cada pixel deste vídeo.

Ah, e como não sou mauzinho, também preparem as palmas para este:





Para quem esteve em Paredes de Coura, como eu, é só acrescentar um álbum e o coro formado pelas gentes que ainda não conheciam nada disto em 2005 (também não eram só os espanhóis que os conheciam, nem talvez de 2004 como alguns portugueses que estiveram quieitinhos e sossegadinhos) e que beberam o jogo para o empate dos Bloc Party. O resto está lá e para durar.

sábado, 25 de agosto de 2007

Antes de conseguir acabar algumas coisas que ando a escrever, é bom retirar vez a vez alguns "doces" de épocas passadas, doces que consegui saborear logo antes de saírem compilados em CD. Foi, para mim, um dos CD's do ano passado, claramente.

É a canção que se impõe neste momento cá por estes lados...

P.S: Já agora, para aqueles que sabem apreciá-lo, fica aqui outro docinho de amêndoa...



quarta-feira, 22 de agosto de 2007




Já tinham 3 álbuns quando começaram a ser "o mundo" de alguém em Portugal (Nuno Calado, "Indiegente", Antena 3).
Só depois começaram, levemente, a fazer parte do meu mundo. Mundo esse que é demasiado preconceituoso e não lhes deu sequer uma ponte decente para esperarem pelo dia seguinte.
Começaram a fazer o 4º CD. Foi editado recentemente. E o vocalista diz que a banda se encontra num fase de "dar o salto" e sair do underground: para isso Madonna estendeu-lhes as mãos, as fitas e a maluquice no "Live Earth".
No dia 6 de Agosto, durante uma sessão mais ou menos com aspecto de sessão de "passar música", não houve o mínimo sinal de polícia a interromper uma autêntica festa cigana que se gerou num curto espaço de tempo. Até a canção recostar-se no refrão e quase chamar as peças de roupa a 5€ para a desbunda, deu para me arrepiar da cabeça aos pés com aquela espécie de "hino da rendição" ou qualquer coisa que assim se pareça.
Não estava ali um single qualquer: estava ali uma canção que ia jurar que tinha sido captada ao vivo e que os aplausos tinham sido cortados do "take".

Isto tudo também serve para informar que é esta mesma canção a responsável pelos ventos soberbos que levam tudo à sua frente nos últimos dias. Portugal está também agora a pagar os efeitos da terra que estremeceu e da relva que morreu há uma semana atrás.

Os Gogol Bordello não serão mais o mundo de ninguém: o Mundo já é seu.

E o vídeo é um misto de rir até não saber mais e da verdadeira atitude "punk", aquela que não conhece os seus próprios limites.

UPDATE (23-08-07): Cada insistência que faço nos Gogol Bordello serve como tela branca e límpida para imaginar o desagrado de algumas figurinhas públicas se algum dia ouvirem tal música. E também serve para imaginar a rídicula exposição de atitudes "punk" com excesso de "make-up". E também serve para me passar a irritação que nutro por muito determinadas pessoas que vão passando pela esquerda, pela direita ou com que, infelizmente, tenho que ver ou falar todos os dias.

Rio baixinho e ensimesmadamente como aquele rapazito pobre e engraçado que a certa altura do vídeo também quer tocar guitarra. Vejam.


segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Deveria sempre ter seguido a máxima "quem não sabe não mexe".
Portanto, mais uma vez, recomeçou tudo, mas os arquivos já estão prontos a serem recuperados.
Até daqui a uns dias, este blog encontra-se em remodelação, procurando-se colocar 2 barras laterais e alterar o cabeçalho da forma antiga...

Dicas e sugestões aceitam-se...

Obrigado